A mente de principiante é um conceito central na prática de mindfulness, e foi amplamente difundido por Jon Kabat-Zinn, fundador da abordagem de Redução de Stress Baseada em Mindfulness (MBSR). Essa ideia vem das tradições meditativas orientais, e refere-se a uma forma de olhar o mundo com frescor e curiosidade, como se estivéssemos experienciando algo pela primeira vez – sem os filtros de julgamento, expectativas ou conhecimentos pré-concebidos.
Na nossa vida cotidiana, tendemos a abordar as situações com uma mente cheia de experiências passadas e conclusões prontas. Quando olhamos para algo familiar, como uma flor, uma pessoa ou mesmo um desafio, fazemos isso através de lentes já gastas pelo tempo. Perdemos, assim, a capacidade de ver a verdadeira essência do que está diante de nós. A mente de principiante é justamente o oposto: é a capacidade de nos abrir à novidade e à possibilidade, sem nos prendermos ao que já sabemos ou julgamos.
Cultivar a mente de principiante é essencial para praticar mindfulness. Significa estar presente no momento atual com uma atitude de curiosidade, como uma criança que explora o mundo pela primeira vez. Essa postura abre espaço para novas percepções e insights, ajudando-nos a experienciar a vida de forma mais plena e autêntica.
Agora, adotar a mente de principiante exige humildade e aceitação. Humildade para reconhecer que, apesar de toda a nossa experiência e conhecimento, não temos todas as respostas e aceitação para estar em paz com a incerteza, com o desconhecido. A partir dessa abertura, torna-se possível experimentar cada momento da vida com uma atenção renovada, encontrando beleza e profundidade até nas situações mais simples ou rotineiras.
No mindfulness, essa prática é especialmente útil ao lidar com as nossas emoções e pensamentos. Em vez de reagirmos automaticamente com base em padrões antigos de comportamento, a mente de principiante permite que observemos os nossos pensamentos e sentimentos sem julgamento, criando espaço para novas formas de resposta. Ela convida-nos a perguntar: “O que posso aprender com este momento?”, em vez de nos fecharmos naquilo que já achamos saber.
Em última análise, a mente de principiante é um caminho para a liberdade, ajudando-nos a escapar das armadilhas dos nossos hábitos mentais e a redescobrir o mundo com olhos frescos. Como diz Kabat-Zinn: “Em cada momento, temos a oportunidade de começar de novo.”
Vander Borges