Caminhando no deserto, uma reflexão sobre tempos de transformação

No deserto, parece que o tempo se alonga. Durante o dia, o sol arde e tudo parece imóvel, sem sombra, sem refúgio. À noite, o frio corta, e a solidão se agiganta. Caminhar nesse espaço vasto, onde os passos parecem não deixar marcas, é um convite ao encontro consigo mesmo. Quem nunca se sentiu assim?

No começo, a aridez assusta. A ausência de certezas, a miragem de atalhos fáceis, o silêncio que pesa nos ombros. Mas, aos poucos, a escassez externa revela a riqueza interna. Quando não há distrações, ouvimos melhor a nós mesmos. Quando o vento sussurra e não há ruídos para encobri-lo, a intuição fala mais alto.

É na caminhada solitária que os dons emergem, os talentos adormecidos despertam. A resistência se fortalece, a criatividade encontra brechas, a paciência se torna aliada. O deserto ensina que a transformação não acontece no destino final, mas em cada passo, em cada respiração consciente, em cada pensamento que se refaz. Sim é um aprendizado.

E, quando menos se espera, surge o oásis. Nem sempre como um lugar cheio de água e sombra, mas como um instante de clareza, um entendimento novo, um alívio na alma. O deserto não é eterno. Nada é. Tudo se move, se renova, se transforma.

A existência é essa grande travessia. Há momentos de calor intenso, de frio cortante, de solidão profunda. Mas também há descobertas, renascimentos, a certeza de que cada passo dado tem seu valor. Estar presente é o que torna a caminhada possível. E, no fim das contas, não se trata apenas de chegar, mas de sentir o chão sob os pés, de respirar fundo e de se permitir seguir adiante, sempre em movimento

Vander Borges

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